quinta-feira, 28 de abril de 2011

PULP FICTION





Em 1900 surgiam as revistas Pulp (do inglês para o português, "Polpa" ou "Matéria"), que eram chamadas assim por serem feitas de um papel de baixa qualidade. Porém, o termo Pulp Fiction (Ficção de Polpa) foi dado para o fato de serem histórias de menor relevância ou absurdas (a maioria das histórias eram fatasiosas, de ficção ou romances policiais). “Matter” que inglês siginifica tanto “importância” quanto “matéria”, retorna  ao termo “polpa”, e era usado em frases para classificar as Pulps. Nunca houve anseio artístico nas Pulps, o que é diferente dos outros tipos de entretenimento na época, podem até ser comparados ao antigo folhetim dos jornais aqui no Brasil.
Não só o material das Pulps, mas também suas histórias eram arrumadas de forma irregular, às vezes causava uma falta de cronologia, o que fazia o leitor ter de interpretar o enredo da história buscando os fatos do início que podia ser o meio ou o fim. Às vezes eram vários contos interrelacionados também de forma não cronológica.
No final da década de 1980 para o início da de 1990 Quentin Tarantino e Roger Avary, dois apiaxonados pelas Pulps, resolveram criar as suas. Tarantino teve de vender os direitos autorais de uma de suas histórias para poder ganhar algum lucro, mas logo depois veio a lançar um filme sobre uma delas chamado, Cães de Aluguel (Reservoir Dogs, 1992), o filme foi bem elogiado e logo Tarantino pôde filmar três de suas histórias " Vincent Vega and Marsellus Wallace's Wife" (Vincent Vega e a Mulher de Marsellus Wallace), "The Gold Watch" (O Relógio de Ouro) e "The Bonnie Situation" (O Caso Bonnie), em um filme só chamado Pulp Fiction (no Brasil, Pulp Fiction – Tempo de Violência), que é de longe o melhor filme do diretor.
O filme faz relação com as resvistas Pulp nos diálogos do personagens, pois estes normalmente não tem a ver com a história (sem importância) e simplesmente servem como um artifício para distinguir a personalidade dos personagens.
Em Pulp Fiction todas as histórias estão entrelaçadas assim como as Pulps. O filme começa fazendo uma breve referência ao final, este é o meio da história, isso para corroborar o fato da acronologia da trama.
Um fato que me chamou atenção em Pulp Fiction é que nenhum dos filmes, ou livros, enfim, qualquer historia que nos contam nunca tem um começo. Se você parar e tentar desembaralhar as partes do roteiro, você pode até encontrar onde deveria iniciar o filme, mas você facilmente perceberá que não é o começo da história. Antes disso algo deveria ter sido contado. Uma das teorias, que foi apresentada no documentário Tarantino’s Mind, e que faz muito sentido, é que Pulp Fiction é a segunda parte de Cães de Aluguel, neste, um bando assalta uma joalheria e depois de vários confrontos num galpão, apenas um deles sai vivo e com a maleta das joias. No início de Pulp Fiction, Vincent Vega (John Travolta renascido) e Jules Winnfield (Samuel L. Jackson), dois gangsters, estão indo buscar uma maleta cujo conteúdo não aparece durante o filme, apenas um brilho muito forte.
No filme se sente uma certa empatia pelos personagens, porém não é exatamente o que você faria no lugar deles. Aqueles que parecem ser os mais legais do filme que tem atitudes comuns como de qualquer outra pessoa, o provável mocinho, são justamente aqueles que vão matar alguém sem nenhum escrúpulo ou reclamar dos miolos de outro no carro, e ainda tomar café da manhã depois de tudo. Muitos disseram que Tarantino quis mostrar que mesmo assassinos tem vidas. Esta ideia pode ser redirecionada para o fato de hoje ser assim mesmo, todos tem de ganhar dinheiro de alguma forma e não é uma vida humana que deve atrapalhar essa posse.
Vincent (Travolta) e Jules (Jackson) na casa de Jimmie (Tarantino) no episódio Bonnie Situation

Além do toque pensativo, o filme também traz diversas referências a outros filmes e séries da década de 1970, assim como todos os filmes de Tarantino. E o filme parece mesmo ser dos anos setenta. Outro grande fator, exclusivo nos filmes do diretor, é o humor negro, aquelas piadinhas que você – caso seja um falso moralista – não riria, mas que é engraçado de qualquer forma. Para aqueles que se sentem ofendidos facilmente, este não é um bom filme, mas para quem sabe distinguir realidade de ficção e ainda assim conseguir intertextualizá-las de forma dinâmica e sagaz, este é um ótimo filme. Na minha opinião o melhor filme de 1994*.
Gosto da questão de ser um filme tão diferente que não há uma forma correta de generalizá-lo. Não sei dizer se é ação, comédia, drama, pois possui de tudo, porém nenhum deles em destaque maior. Nos DVDs aparece como ação ou policial, mas não concordo nem um pouco. É mesmo um filme Tarantino, classificação por autor. Outro bom aspecto que me chama atenção em todo e qualquer filme é a classificação indicativa. Quando vejo um filme para maiores de dezoito anos eu penso logo, ou é um filme visceral, ou foi realizado sem pretensão de conquistar maiores audiências. Pulp Fiction se enquadra no segundo. Se James Cameron dirgisse Pulp Fiction, ele cairia para doze anos na primeira proposta de aumentar os fundos.
 Pulp Fiction Ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original, coisa difícil hoje em dia  onde tudo é baseado ou adaptado de alguma outra história. Recebeu também o prêmio máximo do Festival de Cannes, a Palma de Ouro.
Pulp Fiction é um filme estadunidense de gênero indeterminado. O filme foi lançado em 1994 no Festival de Cannes. Foi realizado pela Miramax Films, A Band Apart e Jersey Films. Foi dirigido por Quentin Tarantino que trabalhou também no elenco como Jimmie, e teve roteiro escrito também por Tarantino e por Roger Avary. Teve a classificação R nos Estados Unidos (Rated R: inapropriado para menores desacompanhados de responsável maior) e a de 18 anos aqui no Brasil.

 - FICHA TÉCNICA -
- Nome original: Pulp Fiction
- Gênero: (indeterminado)
- Tema: Crime (talvez)
- Duração: aproximadamente 154 minutos (2 horas e 34 minutos)
- Lançamento: 1994
- Origem: Estados Unidos
- Idioma: Inglês
- Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 18 anos
- Inadequações:  Violência (assassinato, agressão física, agressão verbal, crueldade e estupro), consumo de drogas lícitas (cigarro, charuto e álcool) e ilícitas (maconha, cocaína, heroína), desvirtuamento de valores (racismo, machismo) e temática inapropriada.
- Realização: Miramax Films, A Band Apart e Jersey Films
- Direção: Quentin Tarantino
- Roteiro: Quentin Tarantino, Roger Avary
- Produção: Lawrence Bender
- Elenco: Samuel L. Jackson, John Travolta, Uma Thurman, Harvey Keitel, Tim Roth, Amanda Plummer, Maria de Medeiros, Ving Rhames, Eric Stoltz, Rosanna Arquette, Christopher Walken, Bruce Willis, Paul Calderon, Steve Buscemi, Quentin Tarantino

“The path of the righteous man is beset on all sides by the iniquities of the selfish and the tyranny of evil men. Blessed is he who in the name of charity and goodwill shepherds the weak through the valley of darkness, for he is truly his brother's keeper and the finder of lost children. And I will strike down upon thee with great vengeance and furious anger those who attempt to poison and destroy my brothers. And you will know my name is the Lord when I lay my vengeance upon thee."
(Jules Winnfield antes de matar algum desgraçado)

* O Oscar de Melhor Filme de 1994 para foi para Forrest Gump – O Contador de Histórias em 1995 no 67º Festival de Premiação do Oscar. Eu sei que devia pôr “Melhor de 1995”, mas os filmes são de 1994...

sábado, 16 de abril de 2011

UM CÃO ANDALUZ


Um Cão Andaluz é um filme experimental surrealista, realizado em 1928 na França, seu título original é Un Chien Andalou. É considerado o marco do cinema surreal. Foi dirigido por Luis Buñuel e teve participação de Salvador Dali no roteiro. O filme é um curta-metragem de 16 minutos, mudo e em preto e branco. O elenco é composto por Pierre Batcheff, Simone Mareuil e os próprios Buñuel e Dali.
No filme os acontecimentos não se passam na ordem convencional de narrativa, lembra um sonho ou um pesadelo. Abrange muito os conceitos de psicanálise de Freud. A ausência obrigatória de som e cor (devido à época de sua produção) colabora ainda mais à alusão de sonho. Mais uma boa colaboração é a participação no roteiro de ninguém mais, ninguém menos que Salvador Dali.
Uma ideia sobre o filme é que este procura instigar o observador a interpretar e criar uma correlação entre às imagens do filme. A cena que fica gravada em nossas mentes é aquela da navalha cortando o olho, há uma espécie de relação entre esta imagem e aquela que vem um pouco antes, a de uma nuvem passando em frente à lua cheia.
Buñuel e Dali tiveram de deixar o cinema às pressas, pois as pessoas, não preparadas para as cenas, os ameaçaram de linchamento. Outro fator surreal (pelo menos na versão que eu vi) são os sons ao fundo, não é música como normalmente se fazia nos filmes mudos, mas vários sons disformes, entre eles, sons de plateia se impressionando ou se enojando, som de um homem roncando como um porco, o tique-taque de um relógio, goteiras, trovões, um líquido sendo derramado, entre outros.

Aqui está o filme dividido em duas partes


Para quem não puder assistir ao filme, aqui estão algumas das cenas marcantes:

1. O Olho
A tão famosa cena do olho cortado pela navalha

2. A mão
Uma mão decepada é cutucada no meio da rua. Quer mais surrealidade?

3. O Cavalo
Um cavalo morto em cima de um piano.

4. As Formigas
Formigas saem da mão do homem que é impedido de entrar pela mulher.

5. O Bolinar
As mãos do homem apalpando os seios da mulher

Outra imagem interessante que aparece no “final” do filme é a mariposa esfinge caveira, cujo nome vem do desenho parecido com uma caveira que ela tem sobre o tórax.

Alguma semelhança com a Caveira de Dali?

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Se7en

Cá estou eu pela primeira vez. Nem ao menos me apresentei. Não importa muito também.
Eu adoro filmes assim como muitos. E assim como muitos, sempre quero saber mais.
Sendo que hoje estreia o novo Pânico, aqui está uma sugestão de filme de Serial Killer para se pensar mais do que se sujar de sangue.

SEVEN – OS SETE CRIMES CAPITAIS


"Deixe aquele que não tenha pecados tentar sobreviver."
Frase final do trailer


Seven – Os Sete Crimes Capitais (no original Se7en) é um suspense policial, sobre um serial killer. O filme dura mais ou menos 127 minutos (2 horas e 7 minutos). Foi lançado em 1995 nos Estados Unidos. Foi dirigido por David Fincher (o mesmo de Clube da Luta, Zodíaco, O Curioso Caso de Benjamin Burton e o mais recente Rede Social). No elenco estão Brad Pitt como o detetive que quer entrar no caso, Morgan Freeman como o detetive que quer sair e se aposentar, Gwyneth Paltrow como a mulher de Pitt, e, como o assassino, Kevin Spacey (o nome de Spacey não aparece nos créditos iniciais nem nos veículos de publicidade para garantir o suspense, porém isto é a internet e qualquer um hoje pode saber quem é o assassino antes de ver o filme)
Seven teve a classificação R nos Estados Unidos (para maiores de dezoito ou acompanhados de responsável maior) e a de 18 anos aqui no Brasil pelo mesmo clichê da violência (assassinato, agressão física, agressão verbal, crueldade) e pela linguagem obscena e tensão atenuada. Hoje já não parece mais ser considerado um filme pesado, sua classificação indicativa nos DVDs e na TV já é de 14 anos. Foi realizado pela New Line Cinema e distribuído aqui no Brasil pela Play Arte Home Video.
O filme trata de um assassino (Kevin Spacey) que mata de acordo com os sete pecados capitais (Gula, avareza, preguiça, luxúria, vaidade, inveja e ira). O assassino se diz o responsável por castigar os pecadores. No castigo da gula, um homem gordo é obrigado a comer sem parar até morrer.  Na avareza um advogado tem de arrancar um naco da própria carne. A preguiça parece ser um dos piores, um homem  fica deitado durante um coma induzido por um ano, sem poder se mover. A luxúria é castigada com uma terrível arma sado masoquista. A vaidade faz de uma pessoa um porco de nariz empinado que deve cortado. No final do trailer o título do filme surge junto com sete linhas vermelhas, quatro cortadas pela quinta e duas separadas que representem a inveja e a ira que são o clímax da história, que termina com uma virada inesperada. Dizem que esse final era mais sombrio e foi cortado, mas que pode ser visto nos extras do DVD duplo… ou no nunca deixado de lado You Tube, mas eu nunca tentei nem garanto.

I HOPE YOU ENJOY IT... AS MUCH AS I DID!!!

quinta-feira, 14 de abril de 2011




Que Puxa!
Isto é uma sátira a Canção do Exílio de Gonçalves Dias.
Não necessariamente desmerece o original.


Canção do Açaicídio

Minha terra tem açaizeiros
Onde cagam os urubus
As aves que aqui gorjeiam
Lá te mandam tomar no…

Nosso céu tem mais pipas
Nossas valas têm mais lixo
No Rodrigues Alves não tem vida
Porque tiraram todos os bichos

Em cismar sozinho à noite
Mais prazer encontro lá
Minha terra tem prostitutas
Que fazem a giripoca piar

Lá não temos mais primores
Porque a manteiga da Sadia tomou seu lugar
Agora repete a estrofe dois
Que eu cansei de falar