quinta-feira, 8 de março de 2012

NADA

Nada

Já faz horas. Já faz um dia. Logo fará uma semana. Um mês. Um ano. Que não concretizamos o que idealizamos ser eterno. Já faz um bom tempo que você diz “não te quero”. Num olhar triste. Numa tristeza arrependida. Um arrependimento de decepção. Por ter mais uma vez brincado com meu coração.
O rosto daquele amor para sempre refletido no espelho. Para sempre humilhante e alheio. Indiferente à minha dor. Ignorante a meu apelo. Desviando-se de lágrimas que não mais seguro em completo desespero. Que deixo rolar por meu peito. De meu peito. Em caminhos de estreita sangria. Em cortes de larga agonia.
E o que há comigo? O que tanto me atormenta? O que me faz chorar? O que está a me condenar? Que respostas eu devo ter para te explicar? Responder todas as perguntas a quem se preocupar? O que está a me matar? O vazio eterno de minha alma. Preenchido com mentiras e tormentas furiosas transmitidas por tua mente de insalubre calma.
A face da pena me encara e acena. São várias faces espalhadas pela diversão que tiveste em transformar-me em teu verme. Facilmente me converte. À ilusão de uma paixão. Logo depois a ousar impor a ilusão de um amor.
Tudo o que já lamentei. Tudo o que por ti sacrifiquei. O eu que a ti eu entreguei. Não me fará falta no que que ti obterei.
Nada.
Em falsas palavras regaste um jardim de venenos. Colheste e em meu prato me deste como alimento. E eu plantei por ti tudo de bom que poderia colher. Colhi verdades. Colhi sacrifícios. Colhi meu amor e te dei todo o meu auxílio. Empunhei armas para nos defender. Sucumbi corpos malditos a nossos pés por teu bel prazer. E quando me ofereceste aquele prato de teu alimento, por pena e puro amor a teu existir, viraste de costa e troquei os pratos, entregando o teu próprio veneno a ti.

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